Victor Silva Barros
O SILÊNCIO
A palavra silêncio tem origem no Latim, silentium, significando
ausência de ruído, sossego, quietude, calma, omissão ou interrupção de
comunicação.
A ausência de silêncio transforma a melodia em
ruído, a comunicação em algazarra, impedindo a apreensão e codificação dos
sons, a meditação, a apreensão do conhecimento, originando a anarquia e
semeando a desordem.
O silêncio maçónico, ritualista, característico dos
graus de Aprendiz e de Companheiro, deve ser encarado pelo Maçom como um
privilégio e não como uma imposição.
O silêncio confere ao Aprendiz Maçom não ter que se
concentrar em falar, direccionado todos os seus sentidos para a observação e
compreensão dos rituais, da simbologia, propiciando a aprendizagem, a meditação
e, consequentemente, o desbaste gradual da pedra bruta e a transformação em
pedra polida.
O silêncio permite meditar e reflectir, sobre si
próprio e sobre o mundo, sobre os seus defeitos e as suas qualidades.
Através do silêncio, o Aprendiz Maçom adquire
qualidades como a serenidade, a paciência, a pertinência, a contenção e o
decoro, combatendo a intempestividade, a insolência e a intranquilidade que
conduzem à insensatez, fortificando as qualidades do indivíduo enquanto líder e
homem bom, livre e de bons costumes.
Concomitantemente, o Aprendiz Maçom, enquanto pedra
bruta, não está apto a usar da palavra com a assertividade, eloquência e rigor
maçónico, necessários a que a palavra proferida seja consequente com o
pensamento, nem no pensamento se encontram devidamente consolidados os valores
maçónicos.
A palavra - qual bala - após proferida jamais pode
ser retirada, sendo as suas consequências irreversíveis, sejam estas nefastas
ou benéficas.
Não é por acaso que, no mundo profano, um dos
direitos fundamentais do arguido/acusado é o direito ao silêncio, impedindo que
este se incrimine e prejudique com o uso inadequado da palavra.
O silêncio maçónico permite ao Aprendiz Maçom
adquirir o conhecimento e as qualidades necessárias ao uso da palavra, para que
o seu resultado seja justo e perfeito.
Em suma, o silêncio maçónico permite aprender a
ouvir, a pensar e a comportar-se, de a forma a estar apto, para usar a palavra
na tradução e comunicação do pensamento, na busca incessante pela perfeição.
Com estas palavras se termina e, na génese do
presente trabalho, exerce-se o privilégio de Aprendiz:
- A remissão ao silêncio.
ELBF16
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