quarta-feira, 29 de maio de 2019

O SILÊNCIO

Victor Silva Barros

O SILÊNCIO

A palavra silêncio tem origem no Latim, silentium, significando ausência de ruído, sossego, quietude, calma, omissão ou interrupção de comunicação.

A ausência de silêncio transforma a melodia em ruído, a comunicação em algazarra, impedindo a apreensão e codificação dos sons, a meditação, a apreensão do conhecimento, originando a anarquia e semeando a desordem.

O silêncio maçónico, ritualista, característico dos graus de Aprendiz e de Companheiro, deve ser encarado pelo Maçom como um privilégio e não como uma imposição.

O silêncio confere ao Aprendiz Maçom não ter que se concentrar em falar, direccionado todos os seus sentidos para a observação e compreensão dos rituais, da simbologia, propiciando a aprendizagem, a meditação e, consequentemente, o desbaste gradual da pedra bruta e a transformação em pedra polida.

O silêncio permite meditar e reflectir, sobre si próprio e sobre o mundo, sobre os seus defeitos e as suas qualidades.

Através do silêncio, o Aprendiz Maçom adquire qualidades como a serenidade, a paciência, a pertinência, a contenção e o decoro, combatendo a intempestividade, a insolência e a intranquilidade que conduzem à insensatez, fortificando as qualidades do indivíduo enquanto líder e homem bom, livre e de bons costumes.

Concomitantemente, o Aprendiz Maçom, enquanto pedra bruta, não está apto a usar da palavra com a assertividade, eloquência e rigor maçónico, necessários a que a palavra proferida seja consequente com o pensamento, nem no pensamento se encontram devidamente consolidados os valores maçónicos.

A palavra - qual bala - após proferida jamais pode ser retirada, sendo as suas consequências irreversíveis, sejam estas nefastas ou benéficas.

Não é por acaso que, no mundo profano, um dos direitos fundamentais do arguido/acusado é o direito ao silêncio, impedindo que este se incrimine e prejudique com o uso inadequado da palavra.

O silêncio maçónico permite ao Aprendiz Maçom adquirir o conhecimento e as qualidades necessárias ao uso da palavra, para que o seu resultado seja justo e perfeito.

Em suma, o silêncio maçónico permite aprender a ouvir, a pensar e a comportar-se, de a forma a estar apto, para usar a palavra na tradução e comunicação do pensamento, na busca incessante pela perfeição.

Com estas palavras se termina e, na génese do presente trabalho, exerce-se o privilégio de Aprendiz:
- A remissão ao silêncio.
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