Na bíblia, podemos verificar que é no silêncio que escutamos
o nosso Deus. Em todos os textos que tive a oportunidade de estudar sobre o
dever do silêncio, verifico que o ruído atrapalha-nos a escuta física, assim
como a escuta da gnose, o ruído a que me refiro, não se trata da poluição
sonora, mas o ruído do nosso primeiro inimigo, aquele que todos observamos no
espelho, no dia da nossa iniciação no primeiros grau. Este é, e será sempre o
ruido mais ensurdecedor com que teremos de conviver até partirmos para oriente
eterno, é aquele que deve ser talhado até ficar como uma pedra polida, até
ficar como o mais sublime som da gnose. No entanto, repare-se que o mundo está
cheio de barulhos: veículos, a voz de multidões, o barulho das cidades, os
animais, as arvores, etc, é um constante frenesim para a nossa consciência,
pois no acessório, tudo atrapalha, tudo chama a nossa atenção, tudo nos
distrai. Mas com o estudo e conhecimento, conseguirmos abstrair-nos deste
ruido, obteremos o dito silêncio, conseguiremos acalmar e focar no mais
importante, poderemos escutar o verdadeiro silêncio, instrutor da sapiência
divina, aquele que interessa ouvir. Várias culturas têm o habito de praticar
esta fantástica ferramenta, o dever de ficar em silêncio durante momentos,
torna-nos mais disciplinados, clarifica-nos a mente e aumenta-nos a clarividência.
A temporada em que estamos em completo silêncio desde aprendizes a
companheiros, assim como na qualidade de mestres, a maior parte do tempo, onde
me incluo, deve ser constante e profundo no nosso Ser, no nosso Eu, deve ser
como o ato de revelação da Luz, para que possamos cumprir algumas premissas do
inquérito de S. João, devemos então enterrar os vícios e exaltar as virtudes,
sendo o dever do silêncio uma das maiores virtudes que o ser humano possui, é
aqui que nós mestres, devemos mostrar o nosso verdadeiro “Eu”, é esta a subida
da escada de Jacó. Falar demais, sem cuidado, não é bom. Quando paramos de
falar e ficamos em silêncio, passamos a ouvir com atenção. O silêncio aprofunda
o nosso relacionamento com Deus e com os outros. Na bíblia em Eclesiastes,
versículo 5, paragrafo 2 e 3, diz; “Não seja precipitado de lábios, nem
apressado de coração para fazer promessas diante de Deus. Deus está nos céus, e
você está na terra, por isso, fale pouco. Das muitas ocupações brotam sonhos;
do muito falar nasce a prosa vã do tolo.” Em Tiago, versículo 3, no paragrafo
2º, diz, “Todos tropeçamos de muitas maneiras. Se alguém não tropeça no falar,
tal homem é perfeito, sendo também capaz de dominar todo o seu corpo.” Como
Mestres Maçons, todos interiorizamos que a oportunidade de usar a palavra, deve
ser, além de extrema importância, carregada de sabedoria e usada unicamente
quando é absolutamente indispensável, correndo o risco de usarmos a palavra
para fazermos ruido naqueles que nos escutam. A principal lição do dever do
silencio que devemos retirar, enquanto Mestres Maçons é que a palavra deve ser
usada com mestria. Mas como em quase tudo na vida, cada um é como cada qual e
todos evoluem ou podem fazê-lo. Há aqueles que quase não precisaram de estudar
esta lição, por temperamento são pessoas caladas, reflexivas, ponderadas, que
raramente falam e, quando o fazem, são, precisamente pela raridade da situação,
muito atentamente ouvidos. Há pessoas que quase nunca falam a despropósito, mas
algumas vezes, precisamente pelo seu particular zelo na seleção das palavras
deixam de dar contributos preciosos, se partilhados no momento próprio. Há
outros que, pelo contrário, são de natureza interventiva, não deixam de dar a
sua opinião, não temem estar em minoria, entendem que participar, implica
opinar, contribuir, ainda que por vezes apenas marginalmente. Esses correm o
risco de se equivocar algumas vezes, de opinar sem o conhecimento ou a
ponderação adequada, de darem a impressão de que, sobretudo, gostam é de ouvir
a própria voz, estes tendem a ser a maioria. Há um encontro entre o dever, o
dever de ser, de ser do silencio com os deveres enquanto homens, entes estão na
dignidade, na dignidade de sermos humanos, diferentes de todas as classes
animais, este encontra-se no valor de que se reveste tudo aquilo que não tem
preço, ou seja, não é passível de ser trocado por algo que possa parecer
idêntico. Dessa forma, a dignidade é uma qualidade inerente aos seres humanos
enquanto entes morais: na medida em que exercem de forma autônoma a sua razão
prática, os seres humanos constroem distintas personalidades humanas, cada uma
delas absolutamente individual e insubstituível. Concludentemente, a dignidade
é totalmente inseparável da autonomia para o exercício da razão prática, e é
por esse motivo que apenas os seres humanos se sobrevestem de dignidade, é por
este motivo, o da dignidade humana que o dever do silencio deverá ser uma
constante de trabalho afincado na profundidade no nosso Ser, do nosso Eu. Há
várias escrituras no passado que declararam, “As palavras terminam onde começa
a verdade”.
ELBF18
Sem comentários:
Enviar um comentário