quinta-feira, 18 de abril de 2019

FIDELIDADE

Santa Catarina de Alexandria (Caravaggio)
FIDELIDADE
Quando nos referimos a fidelidade estamos a abordar um tema complexo e de extremo significado. Repare-se que a palavra em si, significa; qualidade de fiel, fé, lealdade, verdade, veracidade, assim como, exatidão. Invariavelmente esta surge-nos no pensamento para classificar alguém ou alguma coisa como que é leal, pois é um termo que está associado àquilo que é verdadeiro, honesto, constante e confiável. Refere-se também à qualidade da pessoa que cumpre rigorosamente os compromissos assumidos com outra, que neste caso, denomina-se, fiel. Este conceito é invariavelmente reconhecido pelo comum da sociedade como o conceito geral e generalista da palavra, fidelidade. No entanto, se entrarmos no estudo da Fidelidade Divina percorremos caminhos complexos e de difícil compreensão. Para tal, teremos que “fielmente” reconhecermos que a fidelidade de Deus é Imutável, que cremos em todas as promessas de Deus e que estas, a seu tempo, se irão cumprir e acima de tudo temos que aceitar que a infidelidade humana não altera a fidelidade de Deus. Este tema, a Fidelidade Divina é um dos grandes temas Bíblicos, carrega em si o compromisso inabalável de Deus e do seu povo. Do estudo do tema, verifica-se que a fidelidade está intimamente ligada à expressão de coerência moral e pessoal no relacionamento com o próximo. No Antigo Testamento, a fidelidade é um predicado de Deus, no seu amor misericordioso. Deus sabe que a fidelidade do seu Povo com quem construiu a Aliança, só será desenvolvida e mantida ao longo do tempo, e só será possível com a sua boa vontade. Todo o Antigo testamento está repassado por este drama, que é um desafio: a fidelidade de Deus, a infidelidade do Povo. Repare-se que São José, instala diante dos nossos olhos a beleza de uma vida fiel, confiava em Deus, por isso pôde ser o seu homem de confiança na terra para cuidar de Maria e de Jesus, e no Céu é um pai bom que cuida da nossa fidelidade. A fidelidade a alguém, a um grande amor, ou até a uma vocação, é um percurso no qual se alternam momentos de felicidade com períodos de obscuridade e dúvida. A Virgem Maria manteve o seu sim e convida-nos a ser leais, vendo também a mão de Deus naquilo que não compreendemos. Quando a Virgem Maria tomou conhecimento antecipadamente por Deus da profecia que iria viver, a sua atitude, nesse momento, e uma vez mais, foi guardar todos os seus íntimos pensamentos no seu coração, meditando. Esse é o
caminho, como assinalava João Paulo II, para poder ser leais ao Senhor: “Maria foi fiel antes de
mais quando, com amor, procurou o sentido profundo do desígnio de Deus n’Ela e para o mundo (...). Não haverá fidelidade se não houver na origem esta ardente, paciente e generosa procura; se não se encontrasse no coração do homem uma pergunta, para a qual só Deus tem resposta, melhor dito, para a qual só Deus é a resposta». Toda a fidelidade – como lhe é próprio – «deve passar pela prova mais exigente, a da duração», ou seja, a da constância. «É fácil ser coerente por um dia ou alguns dias. Difícil e importante é ser coerente toda a vida. É fácil ser coerente na hora da exaltação, difícil é sê-lo na hora da tribulação. E só pode chamar-se fidelidade uma coerência que dura ao longo de toda a vida».
Evidentemente com a introspeção sobre a fidelidade, ainda mais sobre a fidelidade divina, com o exemplo mais conhecido da sociedade crente, leva-nos obrigatoriamente por coerência à fidelidade sobre nós mesmos, a tecer algumas considerações sobre este facto em particular, pois seremos tão mais fieis e leais ao próximo, quanto o formos a nós próprios, em primeiro lugar.
William Shakespeare em (Hamlet), disse “Quando uma pessoa se conhece ou se concentra na busca de si, ela não se concentra nos erros dos outros, pois sabe que estaria, neste caso, a projetar a si mesma e, portanto, se autodenunciando. Ela prefere falar sobre si mesma, sobre sua própria visão genuína, sobre suas próprias contradições e suas próprias conclusões.

Ser fiel a si mesmo não é a garantia de uma paz idealizada e imaginativa, esta está relacionada com a falsa ideia de viver sem conflito. Primeiro, porque muitos os que insistem em fantasiar que os problemas aos quais se dedicam, são exteriores a eles, estes têm temor de quem é fiel a si mesmo e vêem-no frequentemente como um problema. Em segundo lugar, porque a busca de si mesmo não é pacífica dentro do próprio sujeito. Ao contrário disso, ser fiel a si mesmo é decidir existir, é decidir ser fiel a tudo o que existe. Ser fiel a si mesmo não é a garantia de uma paz idealizada e imaginativa, esta está relacionada com a falsa ideia de viver sem conflito. Primeiro, porque muitos os que insistem em fantasiar que os problemas aos quais se dedicam, são exteriores a eles, estes têm pavor de quem é fiel a si mesmo e vêem-no frequentemente como um problema. Em segundo lugar, porque a busca de si mesmo não é pacífica dentro do próprio sujeito. Ao contrário disso, ser fiel a si mesmo é decidir existir.
ELBF18

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