CARMEN SANTAYA
Um
investigador da universidade de Reading, Inglaterra, estabeleceu a última tese
sobre a 1a manifestação musical na história do Homem.
Segundo essa
tese, os primeiros habitantes procuravam caçar animais para completar e
enriquecer suas dietas. Porque o faziam sozinhos, quando vinham os invernos
mais rigorosos, passavam muita fome e enfraqueciam naturalmente, tirnando os
presas fáceis para outros animais e para outros humanos.
Até que um,
movido pelo desespero da fome-incapaz de encontrar comida e sem forças que lhe
permitissem fazer longas caminhadas afim de pricurar alimentos noutras
paragens-terá usado os ossos do último animal caçado, batendo uns nos outros
num chamamente desesperado. Isto atraiu outros homens, levando a que em grupo
tenham conceguidi caçar animais de maior porte não só para consumo imediati,
como também permitindo um excesso que, guardado, permitiu a sobrevivência do
grupo durante as condições atmosféricas adversas. Levou também ao
estabelecimento das primeiras tribos e à sobrevivência de mais elementos da
espécie, mulheres e crianças.
Contrariamente
ao que se pensou durante séculos, os caçadores recolectores já tinham
estabelecido comunidades de milhares de pessoas,embora em número reduzido.
É esta
aventura colectiva formidável que permitiu a prevalência do homo sapiens sobre
todas as outras espécies.
Esta aventura
só foi vitoriosa pela associação, cooperação e retribuição de capacidades,
conhecimentos, entreajuda, amizade, empatia, amor,elementos que, equilibrados e
usados na medida justa, tornam possíveis as grandes conquistas.
A justa medida
encontra o seu equilíbrio nos valores forjados na prática colectiva pela
necessidade inerente e empírica que cada um foi experimentando ou, em grupos
mais numerosos, por normas, regras, completadas por valores morais e éticos.
Sem estes valores, o homem volta à fome, ao desespero e ao seu desaparecimento.
No nosso ADN
estão presentes todos estes elementos, todos estes valores, forjados desde o
início dos tempos. No entanto eles podem ficar adormecidos, tolhidos,
parecendo inexistentes.
Isso é
evidente quando não existe educação, cultura, religião, arte-práticas onde o
homem se enfrenta a si próprio, aprende a contemplar o seu semelhante,
desenvolve a consciência colectiva, sente a terra e mira o universo.
Felizes os
eleitos que, através da Arte Real, se dão conta que o homem carrega em si mesmo
o seu maior inimigo e o germe da sua destruição. Sem essa consciência, a
humanidade já deu provas das tragédias que o homem em grupo é capaz de causar quando
cego pela tirania apoiada na ignorância do bem mais preciosi que temos ai nosso
alcance-a fraternidade. A fraternidade é a centelha divina que clamava Schiller
na ode à liberdade, da 9ª sinfonia de Beethoven.
A retribuição
é um dever de memória. Deve acompanhar nos toda a vida, pela vida que nos foi
dada. Com o espírito ingénuo da criança que, com poucos de vida, quando lhe
damos comida já nos quer dar também. Depois também nos que amparar como a
amparamos. Essa retribuição está inscrita nos nossos genes. Nenhuma
circunstância nem nenhuma idade deve apagar esse sopro divino, verdadeira luz
eterna, alimento do Criador.
Assim na terra
como no céu.
ELBF04