Alberto d'Assumpção
Sabedoria ou a busca da palavra
perdida
Sobrinho Simões disse numa
conferência sobre educação que o erro dos dias de hoje era pretender eliminar o
erro. Sem admitir falhas, a nossa demanda reduz se ao horizonte tangível. Sem
erro, nosso pensamento limita se a citar, copiar, compilar conhecimentos
adquiridos sem vírgulas, sem reticências e sem questionamento.
Ele dava como exemplo a
actividade do cientista, o qual, sem experimentação, e sem pôr à prova
conhecimentos adquiridos e aparentemente verdadeiros na essência, não poderia
inventar. A experimentação só conduz à novidade e à criação se puser em causa conceitos
existentes, admitindo o erro como etapa no caminho para a descoberta.
Simões dava como exemplo as
milhares de explosões e acidentes com os motores que levaram aos carros e
aviões com os níveis de segurança que temos hoje. Como músico, dou o exemplo da
5a sinfinia de Beethoven.
Nos seus cadernos, o Mestre
garatujou dezenas de inícios possíveis, apagou, riscoi, até que ficou aquele
início que todos sentimos ser a voz inexorável do destino e cremos não poder
ter sido escrita de outra maneira!
O néofito, ante tal desafio, tem
duas opções :
Desistir, refugiando se em
conhecimento testado, publicado, aceite e politicamente correto.
Num espírito maçónico, usar todos
os utensílios à sua disposição para a demanda do desconhecido pois atrás de
cada conclusão esconde se nova etapa, debaixo de cada pedra encontra se uma
pista, por cima de cada tronco vão se multiplicando as ramificações e, como diz
o nosso irmão Schiller, na ode à alegria, no original, ode à liberdade-para lá
do universo mora um pai que a todos ama. O Grande Arquitecto do Universo que
espera que nos esforcemos, experimentemos, desesperemos, choremos mas nunca
desistemos da sua demanda.
Creio que a sabedoria do mestre
se revelará pelo conhecimento da sua ignorância e pelo reconhecimento que
falhará tanto mais quanto maior for a sua demanda.
Assim será justo e perfeito?
ELBF04
ELBF04
Sem comentários:
Enviar um comentário