terça-feira, 29 de outubro de 2019

Justiça

Alberto d' Assumpção
Justiça

A necessidade de Justiça é tão antiga como o próprio Homem. Existem naturalmente múltiplas
aceções sobre o significado de Justiça, e, de forma mais ou menos conexa, inúmeras interpretações sobre a forma de lhe dar corpo material na sociedade.

Refletir sobre Justiça, remete em primeira instância para o seu significado na Língua Pátria. E não tivéssemos já uma ideia minimamente bem decalcada sobre a riqueza de significância do conceito de Justiça, que anda fortemente ligado ao conceito de Verdade, e logo nos aperceberíamos da grandeza de um dos conceitos basilares e construtores da sociedade humana tal como a conhecemos, e cujos alicerces remetem para os primórdios da evolução.
Consultado o dicionário de Português de grande renome, somos confrontados com esta riqueza:
“1. princípio ou virtude moral que inspira o respeito pelos direitos de cada pessoa e pela atribuição do que é devido a cada um;
2. condição do que é equitativo ou moralmente correto;
3. administração da autoridade com vista à prossecução desses fins;
4. poder de aplicar as leis; poder judicial;
5. aplicação das leis para solucionar litígios, julgar causas ou atribuir sanções;
6. conformidade com o direito estabelecido;
7. conjunto de pessoas, instituições e serviços que definem a organização do poder judicial;
8. cada uma das jurisdições encarregadas do exercício do poder judicial;
9. conjunto dos magistrados; a magistratura;
10. alegoria que representa a imparcialidade da aplicação do direito, constituída por uma mulher de olhos vendados com uma balança numa mão e uma espada na outra;
11. imparcialidade; isenção;
12. capacidade de julgar e agir de forma apropriada às circunstâncias, sem favorecimento
ou discriminação;
13. reconhecimento do mérito ou do valor de algo ou de alguém;
14. RELIGIÃO uma das quatro virtudes cardeais, segundo a teologia cristã, que consiste na constante e firme vontade de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido”
Mas, muito para lá de toda as reflexões e ensaios filosóficos que a vida profana nos ensina sobre a Justiça, há que reconhecer que nunca o conceito se poderia considerar completo sem a visão muito própria da Maçonaria – que leva cada um a percecionar que muito para lá da Justiça do coletivo perante o indivíduo, não há Justiça mais implacável que aquela que emana do próprio indivíduo face a si mesmo, perante o autorreconhecimento face às suas ações, omissões, ou mesmo predisposições.
E que nunca o Maçon poderá almejar a construir um templo forte sem ter, e aplicar perante si mesmo, critérios de Verdade e de Justiça robustos e bem sedimentados. É relevar, em síntese, que a Justiça dos Homens nunca se afirmará de forma completa, porque a Verdade dos factos, das omissões ou dos pensamentos, está verdadeiramente aprisionada em cada um de nós, e haverá sempre um EU justiceiro, que por vezes tentamos silenciar, mas que em verdade nos dirá sempre sobre a justiça da nossa vida.
E é esta visão rica de Justiça, que remete para a afirmação da Ética e da Moral não só na perspetiva coletiva da sociedade, mas também, e essencialmente, na perspetiva individual, que merece ser realçada como aquela que nunca deve deixar de interessar ao Maçon, e que sabiamente nos é suscitada.

Tentemos ser sempre Justos connosco próprios e com os outros, esse é o verdadeiro caminho para uma sociedade mais perfeita!


ELBF02

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