Alberto d' Assumpção
Justiça
A necessidade de Justiça é tão antiga como o
próprio Homem. Existem naturalmente múltiplas
aceções sobre o significado de Justiça, e, de forma
mais ou menos conexa, inúmeras interpretações sobre a forma de lhe dar corpo
material na sociedade.
Refletir sobre Justiça, remete em primeira
instância para o seu significado na Língua Pátria. E não tivéssemos já uma
ideia minimamente bem decalcada sobre a riqueza de significância do conceito de
Justiça, que anda fortemente ligado ao conceito de Verdade, e logo nos aperceberíamos
da grandeza de um dos conceitos basilares e construtores da sociedade humana
tal como a conhecemos, e cujos alicerces remetem para os primórdios da
evolução.
Consultado o dicionário de Português de grande
renome, somos confrontados com esta riqueza:
“1. princípio ou virtude moral que inspira o
respeito pelos direitos de cada pessoa e pela atribuição do que é devido a cada
um;
2. condição do que é equitativo ou moralmente
correto;
3. administração da autoridade com vista à prossecução
desses fins;
4. poder de aplicar as leis; poder judicial;
5. aplicação das leis para solucionar litígios,
julgar causas ou atribuir sanções;
6. conformidade com o direito estabelecido;
7. conjunto de pessoas, instituições e serviços que
definem a organização do poder judicial;
8. cada uma das jurisdições encarregadas do
exercício do poder judicial;
9. conjunto dos magistrados; a magistratura;
10. alegoria que representa a imparcialidade da
aplicação do direito, constituída por uma mulher de olhos vendados com uma
balança numa mão e uma espada na outra;
11. imparcialidade; isenção;
12. capacidade de julgar e agir de forma apropriada
às circunstâncias, sem favorecimento
ou discriminação;
13. reconhecimento do mérito ou do valor de algo ou
de alguém;
14. RELIGIÃO uma das quatro virtudes cardeais,
segundo a teologia cristã, que consiste na constante e firme vontade de dar a
Deus e ao próximo o que lhes é devido”
Mas, muito para lá de toda as reflexões e ensaios
filosóficos que a vida profana nos ensina sobre a Justiça, há que reconhecer
que nunca o conceito se poderia considerar completo sem a visão muito própria
da Maçonaria – que leva cada um a percecionar que muito para lá da Justiça do
coletivo perante o indivíduo, não há Justiça mais implacável que aquela que
emana do próprio indivíduo face a si mesmo, perante o autorreconhecimento face
às suas ações, omissões, ou mesmo predisposições.
E que nunca o Maçon poderá almejar a construir um
templo forte sem ter, e aplicar perante si mesmo, critérios de Verdade e de
Justiça robustos e bem sedimentados. É relevar, em síntese, que a Justiça dos
Homens nunca se afirmará de forma completa, porque a Verdade dos factos, das
omissões ou dos pensamentos, está verdadeiramente aprisionada em cada um de
nós, e haverá sempre um EU justiceiro, que por vezes tentamos silenciar, mas
que em verdade nos dirá sempre sobre a justiça da nossa vida.
E é esta visão rica de Justiça, que remete para a
afirmação da Ética e da Moral não só na perspetiva coletiva da sociedade, mas
também, e essencialmente, na perspetiva individual, que merece ser realçada
como aquela que nunca deve deixar de interessar ao Maçon, e que sabiamente nos
é suscitada.
Tentemos ser sempre Justos connosco próprios e com
os outros, esse é o verdadeiro caminho para uma sociedade mais perfeita!
ELBF02
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