Almada Negreiros
Não
Sei!
Duas
palavras simples com três letras que definem o princípio do conhecimento. Muito
difíceis de pronunciar, por vezes até de soletrar pois encerram e escondem a
natureza da nossa essência de neófitos num universo infinito e nossa condição
de partículas numa construção tão imponente que nos ultrapassa. Eppur si muove, disse Galileu Galilei
quando, durante a tortura da inquisição e tendo sido obrigado a afirmar que o
Sol girava á volta da terra, não deixou de murmurar a verdade no estertor do
suplício.
O
Inspector dos Edifícios, recebendo a honra suprema de aplicar o conhecimento
adquirido, deve preservar com lealdade e
zelo, tudo o que Mestre Hiram lhe transmitiu no segredo da loja. Deve também
assegurar-se que os mestres que o coadjuvam, obtiveram seu salário por mérito, sendo
dignos de ascender a esses níveis de conhecimento. A lealdade destes para com o
Inspector e para com a regra tem de ser inquestionável e tão pura quanto os
preceitos que os instruem. O conhecimento recebido, para ser preservado, deve
também ser transmitido para que perdure e seja eterno. Respeitado o segredo com
zelo e assegurada a lealdade, deve a justiça da partilha dos segredos ser
assegurada.
Ora,
nem todos são capazes de cumprir as mesmas tarefas. Para as distribuir há que
ter sabedoria. A fim de que todos os irmãos estejam felizes, imbuídos do
sentimento de justiça, mais do que tratá-los de igual forma, há que atribuir a
cada um a tarefa correcta. Desse nível de equidade, depende a beleza do Templo.
Todos devemos ser iguais no acesso á justiça, todos devemos ser tratados de
igual maneira perante a lei.
A
motivação, a limitação, a premência, levam a que a justiça possa ficar
incompleta se não tiver em conta estas premissas as quais, de tanto ignoradas
como consideradas sem sabedoria, podem tornar injusta uma decisão, mesmo que
originada pelos melhores princípios. A igualdade pode ser antagónica da
equidade e por vezes ser tremendamente injusta. O conceito de igualdade, se mal
entendido, pode ser uma bengala do madraço o qual, não querendo aprofundar
conhecimentos, refugia se na lei do menor esforço. Exige muito estudo e esforço
a aventura do conhecimento. Desde logo a confissão da ignorância, depois a
dúvida e ainda por cima, reconhecer eventualmente o erro de convicções, adquiridas
e quiçá sagradas! Exige a atitude de despojo com que fomos iniciados, lembrar a
sua simbologia e preservar aquilo a que nos desafiaram na câmara de reflexão.
ELBF08
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