O Silêncio
(1842–1843), escultura de Antoine-Augustin Préault
o silêncio tem
cor,
sob a forma de
uma folha, uma tela, uma prancha, uma pauta, o branco é a expressão do silêncio
do criador ante a criação. Símbolo de angústia, desespero, entusiasmo, abnegação,
fraternidade e outros valores que povoam o espírito do arquitecto de sons, de
cores, de símbolos, de números, de geometrias. Ante toda a criação e o espírito
que a anima, o silêncio é o ponto de partida e a voz do subconsciente.
O silêncio, estado prévio e inalterável até
ao grau de mestre na nossa Ordem, não é a minha preocupação, nem o meu objecto.
Outros já o fizeram com acuidade e maestria. Algo no entanto me faz abordar a
interpretação por alguns desse silêncio.
Por vezes a prática do silêncio torna-se
castrador e demasiado opressor.
Não deveria provocar medo de nos ágapes, os
neófitos serem participativos, especulativos mesmo e poderem aprender e
partilhar algo mais que vivenciaram em loja. O receio e por vezes medo de dizer
algo inconveniente, leva a que se diga tudo o mais certinho e direitinho, by
the book, não permitindo uma maior prática espiritual e maior luz sobre os mais
diversos temas. Perante a folha em branco não haverá criação se o compositor, arquitecto,
pintor, escritor, poeta só debitar o que já se conhece mesmo que sob outra
versão. O desenvolvimento científico é indissociável da experimentação, a qual
pressupõe alguns desastres até que se chega a um resultado concreto, coerente e
inovador. Sendo seres imperfeitos e tendo a humildade de o reconhecer, temos de
admitir o erro, conviver com ele, aperfeiçoando o nosso ângulo de visão, a
nossa abordagem e o nosso processo de crescimento interior, o qual, será sempre
objecto de confronto de ideias que devemos receber com gratidão, atentamente e
despidos de certezas que se forem só nossas, estarão ainda mais longe da
verdade.
ELBF04
Sem comentários:
Enviar um comentário