sexta-feira, 20 de abril de 2018

o silêncio tem cor


O Silêncio (1842–1843), escultura de Antoine-Augustin Préault

o silêncio tem cor,

sob a forma de uma folha, uma tela, uma prancha, uma pauta, o branco é a expressão do silêncio do criador ante a criação. Símbolo de angústia, desespero, entusiasmo, abnegação, fraternidade e outros valores que povoam o espírito do arquitecto de sons, de cores, de símbolos, de números, de geometrias. Ante toda a criação e o espírito que a anima, o silêncio é o ponto de partida e a voz do subconsciente.

  O silêncio, estado prévio e inalterável até ao grau de mestre na nossa Ordem, não é a minha preocupação, nem o meu objecto. Outros já o fizeram com acuidade e maestria. Algo no entanto me faz abordar a interpretação por alguns desse silêncio.

  Por vezes a prática do silêncio torna-se castrador e demasiado opressor.

  Não deveria provocar medo de nos ágapes, os neófitos serem participativos, especulativos mesmo e poderem aprender e partilhar algo mais que vivenciaram em loja. O receio e por vezes medo de dizer algo inconveniente, leva a que se diga tudo o mais certinho e direitinho, by the book, não permitindo uma maior prática espiritual e maior luz sobre os mais diversos temas. Perante a folha em branco não haverá criação se o compositor, arquitecto, pintor, escritor, poeta só debitar o que já se conhece mesmo que sob outra versão. O desenvolvimento científico é indissociável da experimentação, a qual pressupõe alguns desastres até que se chega a um resultado concreto, coerente e inovador. Sendo seres imperfeitos e tendo a humildade de o reconhecer, temos de admitir o erro, conviver com ele, aperfeiçoando o nosso ângulo de visão, a nossa abordagem e o nosso processo de crescimento interior, o qual, será sempre objecto de confronto de ideias que devemos receber com gratidão, atentamente e despidos de certezas que se forem só nossas, estarão ainda mais longe da verdade.

ELBF04

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