O SILÊNCIO
Nas
Antigas Escolas Pitagóricas os candidatos admitidos eram obrigados ao silêncio
completo apenas ouvindo e meditando na doutrina exposta pelos professores.
Tal
silêncio era-lhes imposto para poderem meditar e reflectir antes de falar.
Na
nossa Aug:. Or:. quando Iniciados como Ap:. e depois ainda como C:. é-nos imposto o
silêncio, por forma a que possamos ouvir, reflectir e pensar, contendo a
vontade e o entusiasmo.
Entre
muitos outros motivos e fundamentos, importa aqui reter que também é uma auto
disciplina, que nos permite ouvir aos outros e não ouvir a voz da nossa
inexperiência.
O
falar impede-nos de ouvir, de pensar, até de reflectir no que dizemos, muitas
das vezes, no mundo profano, entre amigos, como um acto quase que irreflexo,
onde transformamos em sons e palavras, sentimentos e emoções, às vezes
empolando uma história contada.
Muitas
dessas vezes o que é dito não foi sequer pensado, foi apenas dito, palavras
perdidas em conversas amistosas.
Outras
das vezes, e sem sequer se ponderar o impacto ou consequências da nossas
verbalizações, imbuídos por emoções que nos toldam a razão, deixamos fugir da
nossa boca, palavras injustas, ou desnecessárias.
Aqui
permito-me fazer um pequeno parênteses, citando a “prova quadrupla” do Rotary,
que nos diz que, antes de falarmos (ou agirmos) devemos sempre “testar” o que
pretendemos dizer ou fazer através da prova quadrupla:
1. É a VERDADE?
2. É JUSTO para todos
os interessados?
3. Criará BOA VONTADE
e MELHORES AMIZADES?
4. Será BENÉFICO para
todos os interessados?
Só
no silêncio poderemos encontrar as respostas a estas quatro perguntas, a meu
ver fundamentais.
Daí
eu considerar que o silêncio se impõe aos Ap:. e Comp:., não apenas para
poderem aprender a ouvir, e com isso elevarem os seus conhecimentos, mas ainda
para conter as suas emoções e entusiasmos iniciais.
Só
chegados a M:. M:. é que nos é dado o poder da palavra, POIS um M:. já terá
aprendido a pensar e ponderar o uso das Suas palavras.
Não
posso deixar de salientar que na pergunta feita pelo V:.M:. – nas Lojas Azuis –
se alguém deseja usar a palavra a Bem da Or:. em Geral ou da L:. em Especial,
está implícito que o convite ao uso da palavra é um uso justo e perfeito da
mesma, despidas da parcialidade das emoções, vazia de palavras injustas.
O
uso da palavra deve ser, espera-se, ponderado, com um objectivo pensado.
E
o mesmo se diga sobre as pranchas da autoria dos M:.M:., que versam
eloquentemente sobre temas por eles estudados e pensados.
Não
deixa, no entanto, de ser curioso que numa L:. Azul, quem mais deseja
interiormente fazer o uso da palavra não são os M:.M:., e, quando a usam,
apenas o fazem de forma ponderada e pensada, depois de antes reflectirem no que
irão dizer.
Quase
como se desejassem impor-se a um novo silêncio, desta vez uma auto imposição.
Agora,
chegado a este Grau 4, deparamo-nos com novo silêncio, sendo esse silêncio
imposto por nós próprios, pois o silêncio é, na maior parte das vezes, inimigo
do justo e do perfeito, pois, e como já o disse, ao falarmos deixamos de
pensar.
É
no silêncio, nesse maravilhoso silêncio, que conseguimos pensar, que
conseguimos rever os nossos dias, encontrar as nossas falhas, corrigir os
nossos erros.
Ouvir
a voz das razões discordantes das nossas e analisar com maior imparcialidade os
argumentos que divergem dos nossos, e muitas das vezes vemos, nesse silêncio,
os nossos argumentos sucumbir perante melhor razão.
É
também nesse silêncio em que conseguimos encontrar a paz necessária para
organizar as ideias, encontrar a justeza e justiça para os nossos actos, que
nos surgem despidas de emoções que toldam a razão.
É,
ainda, nesse silêncio que, mais do que ouvir, poderemos ver as nossas falhas,
as nossas imperfeições, e humildemente reconhecer a nossa pequena dimensão, a
nossa imensa ignorância, sendo ai, no meio desse silêncio silencioso, que
encontramos o nosso maior inimigo de todos, o nosso “eu”, a quem, muitas vezes,
evitamos olhar nos olhos, a quem não queremos ver os defeitos, falhas e
imperfeições.
Só
nesse silêncio, onde deparamos connosco, é que poderemos, então, aperceber-nos das nossas imperfeições, para assim as podermos corrigir, uma a
uma, todos os dias, a todo o tempo.
Mas,
estes silêncios, que devemos procurar, não se devem resumir apenas ao nosso
aperfeiçoamento como Maçons, mas também como Profanos, no mundo Profano, pois,
nunca devemos esquecer que nenhum de nós se afirma como Maçon, mas antes é
reconhecido como tal, primeiro pelos IIr:. e depois, no Mundo Profano, como
homem livre e de bons costumes, pois não é a veste que nos torna como tal, mas
antes os nossos comportamentos, as nossas palavras.
Em guisa de conclusão, o silêncio, onde buscamos o auto conhecimento, se forma a
ideia de justiça e se encontra a ponderação, deve ser uma regra vivida a cada
segundo, dentro e fora da Or:..
Repito a prova quádrupla dos rotários, por a considerar um ensinamento fantástico:
ResponderEliminar1. É a VERDADE?
2. É JUSTO para todos os interessados?
3. Criará BOA VONTADE e MELHORES AMIZADES?
4. Será BENÉFICO para todos os interessados?
(ELBF426)
"Maçons famosos fundaram entidades que prestam serviços a humanidade, como Os Escoteiros, por Robert Power; o Rotary, por Paul Herris; o Lions, por Melvin Jones; o grupo de jovens de Demolay, por Frank Sherman Lan."
ResponderEliminarPenso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio - e eis que a verdade se me revela.
ResponderEliminarAlbert Einstein