domingo, 3 de novembro de 2019

Victor Silva Barros
Amizade na Maçonaria
A amizade é uma virtude pura e desinteressada, é livre e espontânea; é um carinho cheio de generosidade, um laço indivisível muito estreito; é um sentimento muito fundo, firme e duradouro.
A amizade é um princípio básico na Maçonaria porque é união de vontades, é atracão de afinidades e eleva o espírito para uma meta comum. Afasta de plano a hipocrisia, não gravita nos depósitos de lixo da intriga, e é que a amizade é sempre fiel servidora e conselheira.
Para avalizar estas premissas vale destacar que a Amizade não aceita a mentira, a trapaça, a omissão, o furto da lealdade, o desvio de metais a traição e a deslealdade maçônico-administrativa. Ressalte-se isto porque nem as explicações mais esfarrapadas, nem as mentiras deslavadas e verdades falseadas poderão retornar a confiança depois de perdida.
Preserva sempre a amizade verdadeira que tenhas. É o maior bem que um homem honesto possa ter. Nenhum dinheiro, cargo ou outra coisa qualquer pode ser trocado por um amigo sincero. Sabes que, a amizade é hospitalidade e a hospitalidade é a cortesia do coração. A amizade não ignora os problemas do amigo, é dar calor quando o mundo se mostra frio e é ser forte quando o amigo estremece. Sabes que, a amizade é capaz de qualquer sacrifício, inclusive o de chegar ao heroísmo.
Sete letras dão forma à palavra AMIZADE, mas o assunto não é quantidade: é qualidade, é espírito. Procurar seu significado em um dicionário seria difícil, por não dizer impossível, e é que só aquele que a recebe em forma sincera e clara tem a capacidade para interpretá-la com o coração, com exatidão certeira.

A amizade desterra a inveja que gera o egoísmo rasteiro, afasta a mediocridade e a mentira.

Assim podemos dizer “se queres fazer juízo de um homem observa quem são seus amigos”.
ELBF05

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

1ª manifestação musical na história do Homem.

CARMEN SANTAYA
Um investigador da universidade de Reading, Inglaterra, estabeleceu a última tese sobre a 1a manifestação musical na história do Homem.
Segundo essa tese, os primeiros habitantes procuravam caçar animais para completar e enriquecer suas dietas. Porque o faziam sozinhos, quando vinham os invernos mais rigorosos, passavam muita fome e enfraqueciam naturalmente, tirnando os presas fáceis para outros animais e para outros humanos.
Até que um, movido pelo desespero da fome-incapaz de encontrar comida e sem forças que lhe permitissem fazer longas caminhadas afim de pricurar alimentos noutras paragens-terá usado os ossos do último animal caçado, batendo uns nos outros num chamamente desesperado. Isto atraiu outros homens, levando a que em grupo tenham conceguidi caçar animais de maior porte não só para consumo imediati, como também permitindo um excesso que, guardado, permitiu a sobrevivência do grupo durante as condições atmosféricas adversas. Levou também ao estabelecimento das primeiras tribos e à sobrevivência de mais elementos da espécie, mulheres e crianças.
Contrariamente ao que se pensou durante séculos, os caçadores recolectores já tinham estabelecido comunidades de milhares de pessoas,embora em número reduzido.
É esta aventura colectiva formidável que permitiu a prevalência do homo sapiens sobre todas as outras espécies.
Esta aventura só foi vitoriosa pela associação, cooperação e retribuição de capacidades, conhecimentos, entreajuda, amizade, empatia, amor,elementos que, equilibrados e usados na medida justa, tornam possíveis as grandes conquistas.
A justa medida encontra o seu equilíbrio nos valores forjados na prática colectiva pela necessidade inerente e empírica que cada um foi experimentando ou, em grupos mais numerosos, por normas, regras, completadas por valores morais e éticos. Sem estes valores, o homem volta à fome, ao desespero e ao seu desaparecimento.
No nosso ADN estão presentes todos estes elementos, todos estes valores, forjados desde o início dos tempos. No entanto eles podem ficar adormecidos, tolhidos, parecendo inexistentes.
Isso é evidente quando não existe educação, cultura, religião, arte-práticas onde o homem se enfrenta a si próprio, aprende a contemplar o seu semelhante, desenvolve a consciência colectiva, sente a terra e mira o universo.
Felizes os eleitos que, através da Arte Real, se dão conta que o homem carrega em si mesmo o seu maior inimigo e o germe da sua destruição. Sem essa consciência, a humanidade já deu provas das tragédias que o homem em grupo é capaz de causar quando cego pela tirania apoiada na ignorância do bem mais preciosi que temos ai nosso alcance-a fraternidade. A fraternidade é a centelha divina que clamava Schiller na ode à liberdade, da 9ª sinfonia de Beethoven.
A retribuição é um dever de memória. Deve acompanhar nos toda a vida, pela vida que nos foi dada. Com o espírito ingénuo da criança que, com poucos de vida, quando lhe damos comida já nos quer dar também. Depois também nos que amparar como a amparamos. Essa retribuição está inscrita nos nossos genes. Nenhuma circunstância nem nenhuma idade deve apagar esse sopro divino, verdadeira luz eterna, alimento do Criador.
Assim na terra como no céu.
ELBF04

ABRIR A ALMA

Federico Eguia
Este balaústre terá talvez pouco a ver com os temas e reflexões propostos dos diversos graus.
Trata de uma interiorização, reflexão e sobretudo um abrir da alma perante o que me rodeia em loja e fora dela.
De há muito, martela no meu cérebro as palavras rituais dos veneráveis no final de cada ritual sobre o campo possível de intervenção e possibilidades que se abre ao maçon no mundo profano.
Poucas vezes encontro fundamento prático, objectivo e fundamentado nos trabalhos das lojas.
Poucas pranchas, estas muitas vezes repetem e refletem o saber adquirido já escrito, raras vezes o aprendiz, companheiro ou mestre abre seu coração. Raras vezes partilha sua vida, sua profissão, seus anseios, suas ideias,seus ideais.
Tenho para mim que o ritual sublime deve inspirar-nos, motivar-nos, encorajar-nos a, descendo ao fundo de nós mesmos, partilharmos esse caminho numa jornada fraterna.
Servirá também para exprimirmo-nos sem pejo e sem vergonha de, naturalmente porque só sabemos soletrar, errar,hesitar, tropeçar como neófitos eternos em busca da luz, da palavra perdida, do GADU que vela por nós.
A simbologia do ritual que nos guia não creio que tenha sido criado para nos tolher na demanda, limitar o nosso pensamento ou tornar o silêncio e a obediência num objectivo em si mesmo.
Podendo estar errado, ouso dizer que a obediência e o silêncio são, quando bem usados e na medida certa, alavancas para uma melhor percepção da luz, decorrendo daí melhor expressão de três elementos fundamentais do eu-coração, espírito, alma.
Sem este abrir de meu coração, sem a expressão do meu espírito, sem o sopro da minha alma, não conseguiria aceitar o grau 14.
Esta é a expressão da minha ignorância, dos meus anseios e da minha esperança e crença no devir.
ELBF04

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Justiça

Alberto d' Assumpção
Justiça

A necessidade de Justiça é tão antiga como o próprio Homem. Existem naturalmente múltiplas
aceções sobre o significado de Justiça, e, de forma mais ou menos conexa, inúmeras interpretações sobre a forma de lhe dar corpo material na sociedade.

Refletir sobre Justiça, remete em primeira instância para o seu significado na Língua Pátria. E não tivéssemos já uma ideia minimamente bem decalcada sobre a riqueza de significância do conceito de Justiça, que anda fortemente ligado ao conceito de Verdade, e logo nos aperceberíamos da grandeza de um dos conceitos basilares e construtores da sociedade humana tal como a conhecemos, e cujos alicerces remetem para os primórdios da evolução.
Consultado o dicionário de Português de grande renome, somos confrontados com esta riqueza:
“1. princípio ou virtude moral que inspira o respeito pelos direitos de cada pessoa e pela atribuição do que é devido a cada um;
2. condição do que é equitativo ou moralmente correto;
3. administração da autoridade com vista à prossecução desses fins;
4. poder de aplicar as leis; poder judicial;
5. aplicação das leis para solucionar litígios, julgar causas ou atribuir sanções;
6. conformidade com o direito estabelecido;
7. conjunto de pessoas, instituições e serviços que definem a organização do poder judicial;
8. cada uma das jurisdições encarregadas do exercício do poder judicial;
9. conjunto dos magistrados; a magistratura;
10. alegoria que representa a imparcialidade da aplicação do direito, constituída por uma mulher de olhos vendados com uma balança numa mão e uma espada na outra;
11. imparcialidade; isenção;
12. capacidade de julgar e agir de forma apropriada às circunstâncias, sem favorecimento
ou discriminação;
13. reconhecimento do mérito ou do valor de algo ou de alguém;
14. RELIGIÃO uma das quatro virtudes cardeais, segundo a teologia cristã, que consiste na constante e firme vontade de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido”
Mas, muito para lá de toda as reflexões e ensaios filosóficos que a vida profana nos ensina sobre a Justiça, há que reconhecer que nunca o conceito se poderia considerar completo sem a visão muito própria da Maçonaria – que leva cada um a percecionar que muito para lá da Justiça do coletivo perante o indivíduo, não há Justiça mais implacável que aquela que emana do próprio indivíduo face a si mesmo, perante o autorreconhecimento face às suas ações, omissões, ou mesmo predisposições.
E que nunca o Maçon poderá almejar a construir um templo forte sem ter, e aplicar perante si mesmo, critérios de Verdade e de Justiça robustos e bem sedimentados. É relevar, em síntese, que a Justiça dos Homens nunca se afirmará de forma completa, porque a Verdade dos factos, das omissões ou dos pensamentos, está verdadeiramente aprisionada em cada um de nós, e haverá sempre um EU justiceiro, que por vezes tentamos silenciar, mas que em verdade nos dirá sempre sobre a justiça da nossa vida.
E é esta visão rica de Justiça, que remete para a afirmação da Ética e da Moral não só na perspetiva coletiva da sociedade, mas também, e essencialmente, na perspetiva individual, que merece ser realçada como aquela que nunca deve deixar de interessar ao Maçon, e que sabiamente nos é suscitada.

Tentemos ser sempre Justos connosco próprios e com os outros, esse é o verdadeiro caminho para uma sociedade mais perfeita!


ELBF02

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Sabedoria ou a busca da palavra perdida

Alberto d'Assumpção
Sabedoria ou a busca da palavra perdida


Sobrinho Simões disse numa conferência sobre educação que o erro dos dias de hoje era pretender eliminar o erro. Sem admitir falhas, a nossa demanda reduz se ao horizonte tangível. Sem erro, nosso pensamento limita se a citar, copiar, compilar conhecimentos adquiridos sem vírgulas, sem reticências e sem questionamento.
Ele dava como exemplo a actividade do cientista, o qual, sem experimentação, e sem pôr à prova conhecimentos adquiridos e aparentemente verdadeiros na essência, não poderia inventar. A experimentação só conduz à novidade e à criação se puser em causa conceitos existentes, admitindo o erro como etapa no caminho para a descoberta.
Simões dava como exemplo as milhares de explosões e acidentes com os motores que levaram aos carros e aviões com os níveis de segurança que temos hoje. Como músico, dou o exemplo da 5a sinfinia de Beethoven.
Nos seus cadernos, o Mestre garatujou dezenas de inícios possíveis, apagou, riscoi, até que ficou aquele início que todos sentimos ser a voz inexorável do destino e cremos não poder ter sido escrita de outra maneira!
O néofito, ante tal desafio, tem duas opções :
Desistir, refugiando se em conhecimento testado, publicado, aceite e politicamente correto.
Num espírito maçónico, usar todos os utensílios à sua disposição para a demanda do desconhecido pois atrás de cada conclusão esconde se nova etapa, debaixo de cada pedra encontra se uma pista, por cima de cada tronco vão se multiplicando as ramificações e, como diz o nosso irmão Schiller, na ode à alegria, no original, ode à liberdade-para lá do universo mora um pai que a todos ama. O Grande Arquitecto do Universo que espera que nos esforcemos, experimentemos, desesperemos, choremos mas nunca desistemos da sua demanda.
Creio que a sabedoria do mestre se revelará pelo conhecimento da sua ignorância e pelo reconhecimento que falhará tanto mais quanto maior for a sua demanda.
Assim será justo e perfeito?

ELBF04

terça-feira, 27 de agosto de 2019

“Perfeição”

Fernando Veloso

“Perfeição”
(Solstício de Verão)

A palavra solstício do latim sol mais sistere significa o momento em que o sol durante o seu movimento aparente na esfera celeste, atinge a maior declinação em latitude, medida a partir da linha do Equador.
No passado dia 21 de Junho teve lugar o solstício de Verão altura em que a Luz atingiu o seu esplendor máximo.
Ora, conforme ensina Platão além do mais em “A República”, assim como a Luz nos faz ver as coisas visíveis, a ideia do Bem é que nos traz clareza ao inteligível, por isso se deve contemplar o Bem como ideal inteligível, algo que só o Filósofo consegue segundo Platão.
Platão faz assim uma analogia entre o Sol e o Bem e através da figura de Sócrates diz:
“Pois é o Sol que eu chamo de filho do bem, que o bem engendrou à sua própria semelhança. Aquilo que o bem é, no campo da inteligência em relação ao pensamento e aos seus objetos, o Sol o é no campo do visível, em relação à vista e aos seus objetos.“
Para Platão a ideia de Bem está intimamente ligada à Justiça e à paixão pelo conhecimento e verdade, defendendo assim que a Polis deveria ser governada pelo Rei-Filósofo, que possui paixão pelo conhecimento e pela Verdade e é aquele que consegue contemplar o Bem e assim produzir Leis Justas.

Ora, a Perfeição reside assim no Bem, na Justiça, na busca do conhecimento e da verdade que nos trará a Luz.
Cabe-nos a nós buscar a Luz, a Perfeição, a prática do bem, de forma incessante e diária, usando para tal, além do mais, o estudo e o conhecimento que nos darão a sabedoria, tal como o Rei-Filósofo de Platão que assim produzia Leis Justas.
A contemplação do Bem, materializa-se num projecto de vida com bons princípios, valores, ética, na procura de fazer o mesmo Bem intimamente ligado a uma ideia de Justiça, ou seja, num projecto de vida que visa a Perfeição.
Estamos assim destinados a buscar diariamente o Bem, a Luz, a Perfeição plena, sabendo que ao fazê-lo estamos sempre em aperfeiçoamento, sempre com mais Luz, sempre a sermos mais Justos, sempre a sermos mais verdadeiros, sempre com mais conhecimento, embora com a noção que a Perfeição plena e absoluta nunca estará ao nosso alcance.

ELBF17

Caminho da Perfeição

Helena Canotilho

“Os contratempos e dificuldades, por grandes que sejam, não
devem afastar nossos Irmãos do Caminho da Perfeição”

A vida é cheia de encruzilhadas e percalços, às vezes problemas e obstáculos que nos dificultam o caminho, mas

Se os superamos com dignidade, somos honrados.
Se lutamos sobre eles, temos fé.
Se os ultrapassamos com disposição e alegria, somos felizes.
Se paramos junto a eles, somos subjugados.
Se os transpomos, podemos vencer.
Se somos derrubados, temos a oportunidade de nos superar.

A vida é o “se”, o talvez, é a possibilidade de se dispor às situações. Mas, viver é diferente, esta é a atitude perante a vida.
Ter atitude é viver!
Ser feliz é transpor e ajudar a transpor as dificuldades com alegria.
Não se ignoram as situações extremamente dolorosas, penosas ou cruéis. Nestas situações, pensamos que viver parece ser impossível, mas, se há vida, recupera-se o “se”, a possibilidade vem como esperança. Esta condição poderá mudar. Onde há vida há esperança.
Agradecemos ao G.A.D.U., por nos dar a bondade e a coragem; a força para escalar os muros das dificuldades de forma a não perdermos os nossos objetivos, a lutar pelos nossos Ideais, vencer, tal como hoje já falamos, o sol também foi vencedor!
Vencer é realização.
Vencer é felicidade.
Se todos vencermos continuaremos a caminhada, já iniciada, no caminho da perfeição.
ELBF02

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Sabedoria de Salomão

Almada Negreiros (Tapeçaria)

Sabedoria de Salomão

António de Macedo, no seu livro Cristianismo Iniciático, refere que a Bíblia é um livro onde está contida muita sabedoria dos povos, recolhida ao longo dos séculos. É nessa perspetiva que irei abordar os textos da Bíblia, no Velho Testamento, para procurar perceber o que foi a sabedoria de Salomão. A reflexão sapiencial deve ter acompanhado o ser humano desde os seus primórdios. Contudo, certas épocas históricas privilegiaram a recolha de tradições e impeliram as novas formulações sapienciais.
A origem do pensamento sapiencial, para o povo da Bíblia, é tradicionalmente relacionada com a figura de Salomão, que se tornou protótipo de todos os sábios.
A sabedoria é dada a Salomão, do seguinte modo:
«Nessa noite Deus apareceu a Salomão e disse-lhe: “Pede-me o que quiseres e dar-to-ei!
Salomão respondeu: “Ó Deus, tu foste extremamente bondoso para com o meu pai David, e agora deste-me o reino. Só pretendo que as tuas promessas se confirmem! A tua palavra, dirigida a David meu pai, concretizou-se, e fizeste-me rei sobre um povo tão numeroso como o pó da terra! Dá-me agora sabedoria e conhecimento para os governar com competência. Porque quem seria capaz de dirigir sozinho uma tão grande nação como esta?”
Deus retorqui-lhe: “Sendo assim, que o teu maior desejo é seres capaz de servir este povo, e que não pretendeste nem riquezas nem honras pessoais, nem me pediste que amaldiçoasse os teus inimigos, nem tão pouco que te desse uma longa vida; antes pediste sabedoria e conhecimento para guiar competentemente o meu povo — por isso te concedo o que pediste, e ainda te darei tantas riquezas, prosperidade e honras como nenhum outro rei terá tido antes de ti! Não haverá também depois de ti outro semelhante em toda a terra!”» (Segundo das Crónicas, 1: 7-12)

Mas Salomão organizou a sua corte em conformidade com o modelo das cortes de outros países mais evoluídos, especialmente o Egipto; promoveu intensas relações políticas e comerciais com os povos vizinhos. Ora isso exigia uma preparação adequada dos funcionários de Israel, tanto a nível central como local, em escolas apropriadas de carácter sapiencial, também à semelhança do que já existia junto de outros povos. Foi Salomão que protagonizou toda essa dinâmica em Israel.
Mas a sabedoria de Salomão entrou em declínio:
«Ora, além da filha de Faraó, amou Salomão muitas mulheres estrangeiras: moabitas, amonitas, edomitas, sidonitas e heteias» (Primeiro dos Reis 11:1

Claro que à primeira vista pode parecer que foram as mulheres, no sentido mais básico, a causa da sua perdição. Mas também aqui há uma simbologia a interpretar. A Mulher é o símbolo da sabedoria e deus o símbolo daquilo que é mais autêntico no ser-humano. A causa da decadência de Salomão, que depois levou ao exílio da Babilónia, foi que ele em vez de seguir a sabedoria de Deus, inscrita no seu coração, deixou-se guiar por outras vozes, diferentes da sua consciência. Foi infiel às suas convicções. Trata-se, sobretudo, de uma alegoria.

Na investigação e procura da sabedoria, o povo da Bíblia não foi totalmente original. Este pequeno povo soube assimilar a sabedoria dos povos vizinhos, sobretudo o Egipto e Mesopotâmia, e adaptá-la segundo a perspetiva da sua própria experiência religiosa.
ELBF26

VEDE COMO SÃO GENEROSOS


Carlos Dugos
VEDE COMO SÃO GENEROSOS

Por entre a penumbra
Da escuridão a desvanecer,
Como se fora a Natureza
A levantar o cobertor
Que na noite escura
Aconchegou os seus filhos,
Vemos surgir lentamente
A claridade da Vida,
O raiar da aurora…

O dia vai chegando;
A luz vai-se espraiando
Por toda a existência,
Toda a terra se espreguiça
No burburinho irrequieto
De um colorido reluzente,
Agitam-se todos os seres
Pra receberem despertos
O sol, fonte da Vida.

Os pássaros compõem melodias,
As flores pintam quadros
De uma beleza estonteante;
Vede como são generosos
O Sol, a Lua e a Terra,
Que estendem a todos
Os seus Dons e Energia,
Aprendei com eles a repartir,
Multiplicai a Luz do Saber.

ELBF03

Maio 2019

O SILÊNCIO

Victor Silva Barros

O SILÊNCIO

A palavra silêncio tem origem no Latim, silentium, significando ausência de ruído, sossego, quietude, calma, omissão ou interrupção de comunicação.

A ausência de silêncio transforma a melodia em ruído, a comunicação em algazarra, impedindo a apreensão e codificação dos sons, a meditação, a apreensão do conhecimento, originando a anarquia e semeando a desordem.

O silêncio maçónico, ritualista, característico dos graus de Aprendiz e de Companheiro, deve ser encarado pelo Maçom como um privilégio e não como uma imposição.

O silêncio confere ao Aprendiz Maçom não ter que se concentrar em falar, direccionado todos os seus sentidos para a observação e compreensão dos rituais, da simbologia, propiciando a aprendizagem, a meditação e, consequentemente, o desbaste gradual da pedra bruta e a transformação em pedra polida.

O silêncio permite meditar e reflectir, sobre si próprio e sobre o mundo, sobre os seus defeitos e as suas qualidades.

Através do silêncio, o Aprendiz Maçom adquire qualidades como a serenidade, a paciência, a pertinência, a contenção e o decoro, combatendo a intempestividade, a insolência e a intranquilidade que conduzem à insensatez, fortificando as qualidades do indivíduo enquanto líder e homem bom, livre e de bons costumes.

Concomitantemente, o Aprendiz Maçom, enquanto pedra bruta, não está apto a usar da palavra com a assertividade, eloquência e rigor maçónico, necessários a que a palavra proferida seja consequente com o pensamento, nem no pensamento se encontram devidamente consolidados os valores maçónicos.

A palavra - qual bala - após proferida jamais pode ser retirada, sendo as suas consequências irreversíveis, sejam estas nefastas ou benéficas.

Não é por acaso que, no mundo profano, um dos direitos fundamentais do arguido/acusado é o direito ao silêncio, impedindo que este se incrimine e prejudique com o uso inadequado da palavra.

O silêncio maçónico permite ao Aprendiz Maçom adquirir o conhecimento e as qualidades necessárias ao uso da palavra, para que o seu resultado seja justo e perfeito.

Em suma, o silêncio maçónico permite aprender a ouvir, a pensar e a comportar-se, de a forma a estar apto, para usar a palavra na tradução e comunicação do pensamento, na busca incessante pela perfeição.

Com estas palavras se termina e, na génese do presente trabalho, exerce-se o privilégio de Aprendiz:
- A remissão ao silêncio.
ELBF16

terça-feira, 30 de abril de 2019

Edward Elgar - Nimrod




Edward Elgar - Nimrod (António Saiote - Orquestra Sinfónica da ESMAE)


Executado em clarinete, em Loja por:

ELBF04

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Tolerância e Alteridade

Luís Morgadinho

Tolerância e Alteridade

Diante da violência e a dor que os diversos conflitos atuais nos oferecem, importa refletir demoradamente sobre o que é a Tolerância, pois um futuro de paz depende dos nossos atos e gestos quotidianos.
A sensibilização e educação para a tolerância, nos diversos âmbitos, mas sobretudo no coração de cada I.: são imprescindíveis. Impõe-se, pois se se quer corrigir a assimetria do mundo, tornar menos desigual a repartição dos seus recursos, não se pode deixar de falar na luta contra a intolerância, a pobreza e a humilhação, como principais fontes de violência. Mas o fator fundamental, que se alcança pelo aperfeiçoamento pessoal, é compreendermos que a nossa capacidade de valorizar cada pessoa é a base da ética da paz, da segurança e do diálogo intercultural.

1. A tolerância

A tolerância tem a ver com a imagem que construímos do mundo, com um mundo alternativo. Como pode um organismo integrar o elemento estranho sem o dissolver? A bem dizer, a tolerância não tem a ver com realidades, mas com as ideias que delas fazemos: problema de comunicação, desconhecimento entendido como “risco moral”; privilégio do diálogo para encontrar o outro sem perdermos o nosso ser, porquanto é preciso julgar e poder justificar-se para viver em comum. Só pode ser tolerante, no sentido estrito, aquele que se comporta enquanto organismo e sistema. Se ele estiver interiormente pronto a acolher o estranho, o novo que o chama, sem perder a essência da sua unidade e da sua identidade, será efetivamente tolerante. Sendo assim, quando falamos de tolerância, num sentido estrito, fazemos referência à capacidade de expor, de arriscar estas ideias a que chamamos “minhas” ou a que um conglomerado histórico chama “nossas”, face à eficácia das outras razões que não são as minhas, que ao olhar e ao domínio do “eu”. De um inconsciente que, perigosamente, está a constituir um outro sistema.

2. Alteridade

Ser tolerante é aceitar o outro como outro, como diferente; mas é esta diferença que nos devolve a nós próprios, enriquecidos. Coloca-nos na interdependência recíproca e na peregrinação. A tolerância é a seriedade que admite noutrem uma maneira de pensar ou de agir diferente da que nós mesmos adotamos, que respeita a liberdade de outrem em matéria de religião, de opiniões filosóficas, políticas. A tolerância, então, é o modo em que um ser existe noutro, e expressa a radical interdependência de tudo o que existe. A força de muitas culturas tradicionais não está só na sua resistência ao infortúnio e ao sofrimento, mas na sua habilidade para tolerar, e com isto, para integrar de forma mais completa, o que em outras circunstâncias exasperaria e inclusive destruiria a gente corrente.
Mas o duplo sentido de «tolerar», a sua cisão entre suportar e combater, advertiu-nos disto: o fantasma do «intolerar» está sempre presente-ausente na tolerância, esse fantasma que transforma o outro à sua imagem, fazendo dele o seu outro, um quase-ser, um quase-outro. Aceitar o nosso destino humano é assim aceitar ser afetado pela pluralidade dos singulares que, de facto, nos afeta.
Entre os dois extremos, o de uma afirmação irredutível da individualidade, que inviabilizaria a tolerância negando a possibilidade de uma verdadeira comunicação, e o de uma redução do indivíduo à formação social e política que a tornaria gratuita como esforço voluntário, parece-nos sensato propor um meio termo, o do mútuo reconhecimento, que possibilita o surgir do “eu” e do “tu”. Não se trata apenas de relacionar dois indivíduos, mas de compreender que o Eu só se reconhece como tal no confronto de identidades e diferenças com um Tu, que só a relação torna visível a individualidade. O respeito pela alteridade não é, deste modo, mero artifício de boa convivência, mas a condição de possibilidade de revelação ao Homem pelo Homem, da sua Humanidade.
Ser cada vez mais tolerante, sem pôr em causa o que é humano no homem, é tarefa concreta, para a qual a teorização só pode apontar. A tolerância apoia-se na vivência de uma convicção: nada há mais importante que as pessoas, e estas têm que ser integramente respeitadas, com todas as suas peculiaridades e suas diferenças. Mais ainda, a atitude de tolerância tem fé na possibilidade de conduzir as disputas, controvérsias e conflitos como uma empresa cooperativa, em que ambos os lados ou partidos aprendem, ao dar ao outro a chance de se expressar.

ELBF26

domingo, 28 de abril de 2019

MORAL

Mithra - Alberto d’ Assumpção
MORAL
Moral provém do latim, Moralis - maneira, carácter, comportamento próprio. Define o conjunto de intenções e acções próprias ou impróprias.
Há uma confusão recorrente ou sobreposição entre moral e ética.
Éthica era para os gregos êthos - o interior do ser humano, a intenção subjectiva do indivíduo.
Ética também significava éthos ou mores em latim-conjunto de hábitos, costumes, usos, regras vigentes em cada época.
Ao traduzir ética para Mores, o latim ignorou a interpretação subjectica, o livre arbítrio, privilegiando o lado comunitário e social da ética.
A moral submete-se a m valor: Hegel distinguia a moral subjectiva da moral objectiva. A primeira abordava o livre arbítrio, o cumprimento do dever. A segunda, a moral objectiva -obediência às normas da sociedade; às leis, costumes vigentes. Para Hegel, a vontade subjectiva torna-se incompleta pois não considera a sociedade em que o indivíduo se insere.
Por outro lado pode ser estéril, ao não sair do abstraco, ao não resultar ou interagir com as normas de sociedade.
A racionalidade da moral universal, interagindo com a sociedade, enriquece e completa a moral subjectiva tornando-a objectiva, eficaz. Embeleza-a e fortalece-a, tornando a moral uma virtude.
Interessante a relação entre Moral e Direito.
Se nem tudo o que é moral é regra jurídica, nem tudo o que é lícito é moral. Sendo duas formas de regulação social, entrecruzam-se, completam-se, fortalecem-se, mas não deixam de ser entidades distintas as quais necessitam de equilíbrio. Deste equilíbrio derivará a virtude dos justos. Sem moral o direito pode ser inumano. Sem direito, a moral pode tornar-se numa amálgama de maus hábitos segundo o Zeitgeist.
 As sociedades totalitárias são exemplos paradigmáticos onde o direito do regime fere de morte e se sobrepõe à moral dos costumes, ao direito consuetudinário, ao livre arbítrio, à liberdade, à empatia, à piedade, à fraternidade, por exemplo.
Segundo Georg Jellinek, na sua teoria do mínimo ético, o Direito representa o mínimo de moral necessário para que a sociedade possa sobreviver.
Moral e Religião
Em civilizações milenares não há distinção entre moral e religião. Egípcios, babilónios, chineses, muçulmanos ortodoxos hoje em dia, digo eu, convivem com a moral, a religião e o próprio direito como um todo.
Nos códigos antigos encontram-se preceitos jurídicos, morais e religiosos, vide a sharia.
Nesse tempo, o direito não tinha ainda adquirido autonomia. O peso da coação religiosa e o rigor dos costumes, dispensavam outro tipo de regras. Não por acaso, o direito atinge a sua carta de alforria nas sociedades laicas.
 Nem tudo o que é legal é moral; nem tudo o que é lícito é honesto. Nunca como nos dias de hoje se revelaram estes axiomas!
O Direito é heterónimo porque é imposto ou assegurado pela autoridade competente mesmo que vá de encontro dos seus destinatários.
Bilateral, funciona entre indivíduos ou partes que se colocam como sujeitos: um de direito; outro de obrigações.
Coercível, deve ser cumprido sob pena do sujeito devedor ser objecto de sanções aplicáveis e decorrentes dos órgãos especializados da sociedade.
A Moral é subjectiva e deriva do livre arbítrio determinado pela nossa consciência autónoma.
Unilateral, pois é decorrente do indivíduo.
Subjectiva, só obedece ao dever interior.
Tenho para mim que do equilíbrio entre uma moral milenária que nos é inerente geneticamente e se traduz nos preceitos que as avós nos transmitiam com o chá, nos mandamentos que a religião nos impôs durante séculos e que determinaram comportamentos ainda vigentes, no direito que as sociedades mais evoluídas adoptaram para nos proteger da tirania política e religiosa decorrente dos piores vícios, resulta a Virtude que cada aconchegará cada maçon no caminho da Luz. A força do direito, a Beleza da Moral e a Sabedoria da ética. 

ELBF04

Mahler - Symphony Nº 2

Mahler - Symphony Nº 2 (António Saiote - Orquestra Sinfónica ESMAE - 5th Movement)


Executado em clarinete em Loja por,

ELBF04

À Toi la Gloire !

À Toi la Gloire !
George Frideric Haendel
AF118. À Toi la Gloire !
Texte de Edmond Louis Budry

Strophe 1
1. À toi la gloire,
Ô Ressuscité !
À toi la victoire
Pour l'éternité !
Brillant de lumière,
L'ange est descendu,
Il roule la pierre
Du tombeau vaincu.
Refrain
À toi la gloire,
ô Ressuscité !
À toi la victoire
Pour l'éternité !
Strophe 2
2. Vois-Le paraître :
C'est Lui, c'est Jésus,
Ton Sauveur, ton Maître !
Oh ! ne doute plus !
Sois dans l'allégresse,
Peuple du Seigneur,
Et redis sans cesse
Que Christ est vainqueur.
Refrain
À toi la gloire,
ô Ressuscité !
À toi la victoire
Pour l'éternité !
Strophe 3
3. Craindrais-je encore ?
Il vit à jamais,
Celui que j'adore,
Le Prince de paix ;
Il est ma victoire,
Mon puissant soutien,
Ma vie et ma gloire :
Non, je ne crains rien.
Refrain
À toi la gloire,
ô Ressuscité !
À toi la victoire

Pour l'éternité !

Executado em L. em clarinete por,
ELBF04

quinta-feira, 18 de abril de 2019

FIDELIDADE

Santa Catarina de Alexandria (Caravaggio)
FIDELIDADE
Quando nos referimos a fidelidade estamos a abordar um tema complexo e de extremo significado. Repare-se que a palavra em si, significa; qualidade de fiel, fé, lealdade, verdade, veracidade, assim como, exatidão. Invariavelmente esta surge-nos no pensamento para classificar alguém ou alguma coisa como que é leal, pois é um termo que está associado àquilo que é verdadeiro, honesto, constante e confiável. Refere-se também à qualidade da pessoa que cumpre rigorosamente os compromissos assumidos com outra, que neste caso, denomina-se, fiel. Este conceito é invariavelmente reconhecido pelo comum da sociedade como o conceito geral e generalista da palavra, fidelidade. No entanto, se entrarmos no estudo da Fidelidade Divina percorremos caminhos complexos e de difícil compreensão. Para tal, teremos que “fielmente” reconhecermos que a fidelidade de Deus é Imutável, que cremos em todas as promessas de Deus e que estas, a seu tempo, se irão cumprir e acima de tudo temos que aceitar que a infidelidade humana não altera a fidelidade de Deus. Este tema, a Fidelidade Divina é um dos grandes temas Bíblicos, carrega em si o compromisso inabalável de Deus e do seu povo. Do estudo do tema, verifica-se que a fidelidade está intimamente ligada à expressão de coerência moral e pessoal no relacionamento com o próximo. No Antigo Testamento, a fidelidade é um predicado de Deus, no seu amor misericordioso. Deus sabe que a fidelidade do seu Povo com quem construiu a Aliança, só será desenvolvida e mantida ao longo do tempo, e só será possível com a sua boa vontade. Todo o Antigo testamento está repassado por este drama, que é um desafio: a fidelidade de Deus, a infidelidade do Povo. Repare-se que São José, instala diante dos nossos olhos a beleza de uma vida fiel, confiava em Deus, por isso pôde ser o seu homem de confiança na terra para cuidar de Maria e de Jesus, e no Céu é um pai bom que cuida da nossa fidelidade. A fidelidade a alguém, a um grande amor, ou até a uma vocação, é um percurso no qual se alternam momentos de felicidade com períodos de obscuridade e dúvida. A Virgem Maria manteve o seu sim e convida-nos a ser leais, vendo também a mão de Deus naquilo que não compreendemos. Quando a Virgem Maria tomou conhecimento antecipadamente por Deus da profecia que iria viver, a sua atitude, nesse momento, e uma vez mais, foi guardar todos os seus íntimos pensamentos no seu coração, meditando. Esse é o
caminho, como assinalava João Paulo II, para poder ser leais ao Senhor: “Maria foi fiel antes de
mais quando, com amor, procurou o sentido profundo do desígnio de Deus n’Ela e para o mundo (...). Não haverá fidelidade se não houver na origem esta ardente, paciente e generosa procura; se não se encontrasse no coração do homem uma pergunta, para a qual só Deus tem resposta, melhor dito, para a qual só Deus é a resposta». Toda a fidelidade – como lhe é próprio – «deve passar pela prova mais exigente, a da duração», ou seja, a da constância. «É fácil ser coerente por um dia ou alguns dias. Difícil e importante é ser coerente toda a vida. É fácil ser coerente na hora da exaltação, difícil é sê-lo na hora da tribulação. E só pode chamar-se fidelidade uma coerência que dura ao longo de toda a vida».
Evidentemente com a introspeção sobre a fidelidade, ainda mais sobre a fidelidade divina, com o exemplo mais conhecido da sociedade crente, leva-nos obrigatoriamente por coerência à fidelidade sobre nós mesmos, a tecer algumas considerações sobre este facto em particular, pois seremos tão mais fieis e leais ao próximo, quanto o formos a nós próprios, em primeiro lugar.
William Shakespeare em (Hamlet), disse “Quando uma pessoa se conhece ou se concentra na busca de si, ela não se concentra nos erros dos outros, pois sabe que estaria, neste caso, a projetar a si mesma e, portanto, se autodenunciando. Ela prefere falar sobre si mesma, sobre sua própria visão genuína, sobre suas próprias contradições e suas próprias conclusões.

Ser fiel a si mesmo não é a garantia de uma paz idealizada e imaginativa, esta está relacionada com a falsa ideia de viver sem conflito. Primeiro, porque muitos os que insistem em fantasiar que os problemas aos quais se dedicam, são exteriores a eles, estes têm temor de quem é fiel a si mesmo e vêem-no frequentemente como um problema. Em segundo lugar, porque a busca de si mesmo não é pacífica dentro do próprio sujeito. Ao contrário disso, ser fiel a si mesmo é decidir existir, é decidir ser fiel a tudo o que existe. Ser fiel a si mesmo não é a garantia de uma paz idealizada e imaginativa, esta está relacionada com a falsa ideia de viver sem conflito. Primeiro, porque muitos os que insistem em fantasiar que os problemas aos quais se dedicam, são exteriores a eles, estes têm pavor de quem é fiel a si mesmo e vêem-no frequentemente como um problema. Em segundo lugar, porque a busca de si mesmo não é pacífica dentro do próprio sujeito. Ao contrário disso, ser fiel a si mesmo é decidir existir.
ELBF18

quinta-feira, 28 de março de 2019

“O caminho da Luz atinge-se através do estudo da ciência da Moral”



Alberto d'Assumpção
“O caminho da Luz atinge-se através do estudo da ciência da Moral”

O caminho da Luz simboliza o Conhecimento, a Sabedoria ou a Fé. Simboliza a consciência do criador da vida.
Este conhecimento, esta sabedoria, faz parte da vontade que o maçom tem de no seu dia a dia analisar e melhorar com os seus atos, todos nós:
- já ficamos com medo de entrar em combate
- já perdemos a fé no futuro
- já trilhamos um caminho que não era o Nosso
- já dissemos que sim quando queríamos dizer não
- já falhamos nas Nossas obrigações espirituais
- já ferimos alguém que amávamos
Pelo fato de passarmos por tudo isso, e não perdemos a esperança de sermos melhores do que éramos, estamos no caminho da Luz.
No caminho observamos as regras, as convenções, os tabus, que orientam a Sociedade, como individuo efetuamos os nossos julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau.
Devemos tentar compreender e explicar de forma racional, fundamentada, cientifica e teórica, estes conhecimentos levam-nos à ética.
São estes pilares, da ÉTICA e da MORAL, que nos permitem construir como Maçons, a conduta do homem, exaltando o seu caráter, o altruísmo a fraternidade a bondade de ensinar e aprender a melhor forma de agir e e se comportar em sociedade.

ELBF02

Breves considerações sobre “A JUSTIÇA”

JUSTIÇA - Armando Alves

Breves considerações sobre “A JUSTIÇA”

Sócrates - tem uma visão universal de Justiça “Justiça é virtude e sabedoria; e a injustiça maldade e ignorância

A Justiça é uma ideia descoberta, que emerge do mais recôndito de nós mesmos. O homem é capaz de avaliar o justo e o injusto, mas desconhece o princípio que lhe permite efetuar semelhante avaliação. É um julgamento subjetivo de valor que não pode ser analisado cientificamente, como refere Hans Kelsen.

Na Idade Média – São Tomás de Aquino definiu a Justiça como sendo a disposição constante da vontade de dar a cada um o que é seu – suum cuique tribuere – reclamando como verdadeiro e perpetuo objetivo para o homem a vontade de buscar a justiça.
Se somente a vontade de Deus é perpétua e se a justiça é uma perpétua vontade, então a Justiça só pode estar em Deus”.

O Direito, o mundo do Direito que mais não é que o mundo quotidiano visto do outro lado do espelho, procura regular as relações interpessoais com estabilidade e sabedoria para alcançar aquele desiderato que o anima e com que se confunde, a Justiça.
Daí, também, a necessidade de saber e fazer administrar a Justiça. O cidadão é agora
o individuo, não já diluído em conceito, mas afirmado enquanto realidade concreta.
O Direito deixa de valer tão só pela afirmação do seu conteúdo, sempre geral e abstrato, mas também pelo significado social do resultado da sua aplicação. A realização e concretização da Justiça.

Já não é a vida tornada norma, mas sim um conjunto de regras que, em cada caso, hão-de ligar-se às exigências concretas da vida.
Entre esta e a lei não se estabelece uma relação de subsunção, mas um diálogo em busca da sua melhor conferência recíproca.
Na atual época, dita postmodernidade, privilegia-se a ética, o humanismo, o respeito
da natureza, a abertura às transcendências e proclama-se o primado do homem sobre as coisas.
No direito, como valor cultural e ligado à vida, a postmodernidade aprofunda a sua dimensão cultural e diálogo com outras áreas, nomeadamente a sociologia, numa busca constante de manter a sua dimensão ética e procura de Justiça.
Só que, esta nova época tem sempre a sua componente utópica, sempre descrita e anunciada por intelectuais, pois as demais pessoas vivem as coisas, sem as pensar.
Atualmente, a nossa sociedade, nós, somos guiados mais pelos nossos anseios que pelo amor à verdade e corremos o risco de construir um tempo presente utópico, mascarado do desejo do nosso sonho.
O Direito sem a balança para pesá-lo é força bruta e irracional. É necessário equilíbrio, equidade, ponderação e igualdade de decisões para se fazer Justiça;
Sem a espada, para obrigar a sua aplicação, o direito é fraco, não evidencia coragem,
ordem, regra e o que mais a razão dita.
Sem a venda nos olhos, periga a imparcialidade, o desejo de nivelar o tratamento de todos por igual, sem nenhuma distinção. Periga a objetividade e o princípio de que todos são iguais perante a lei.
Estes são os símbolos do Direito e da Justiça; que a enformam e determinam.

Ulpiano, jurista romano disse e defendeu que o ideal de justiça é:
“Honeste vivere, Alterum Non Laedere, Suum Cuique Tribuere” (Viver honestamente, não ofender ninguém, dar a cada um o que lhe pertence)
E, a meu ver, é!...

ELBF22